Morre dona Dijé, líder quilombola do Maranhão e referência para os povos tradicionais do país

Faleceu na madrugada desta sexta-feira, aos 70 anos, (14) Maria de Jesus Bringelo, conhecida como a ‘dona Dijé’. Ela era quilombola, fundadora do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu e um referencial para a luta dos povos e comunidades tradicionais no Maranhão e no Brasil.

Dijé estava em Brasília e chegou a ser oficialmente empossada como conselheira dos povos e comunidades tradicionais, após uma luta pela regulamentação do conselho. A ferramenta busca implementar a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, considerada fundamental para o combate à violência e violação de direitos das comunidades.

Em Brasília, 'dona Dijé' foi empossada como conselheira dos povos e comunidades tradicionais. — Foto: Reprodução/TV Mirante
Em Brasília, ‘dona Dijé’ foi empossada como conselheira dos povos e comunidades tradicionais. — Foto: Reprodução/TV Mirante

A líder das quebradeiras de coco começou a passar mal ainda em Brasília e pediu para voltar ao Quilombo de Monte Alegre, em São Luiz Gonzaga, onde sofreu um infarto fulminante.

O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu emitiu uma nota de pesar pela morte de Dijé.

Uma mãe palmeira se despede. A notícia que não queríamos dar. Esta noite perdemos uma grande mulher, mãe, avó e liderança que faleceu de infarto fulminante, a dona Maria de Jesus Bringelo, dona Dijé. Mulher negra, quilombola, quebradeira de coco babaçu, um referencial de sabedoria e de um ser humano e um referencial para a luta dos povos e comunidades tradicionais. Uma profunda tristeza invade os nossos corações e custamos a acreditar que não mais compartilharemos de seu sorriso, de sua adorável companhia do seu jeito firme e suave de se posicionar. Ficam a história, o aprendizado e o exemplo quem sempre lutou pelos direitos das mulheres, dos quilombolas, dos indígenas, dos pct´s e de quem sempre lutou pelo acesso livre ao território. Como ela mesma falava “Nós queremos o território para nascer, viver, germinar e morrer”. E foi assim, no quilombo Monte Alegre que ela se despediu. Nós e as florestas de babaçuais sentimos a sua falta. Segue Mãe Palmeira teu caminho. Tua trajetória foi vitoriosa e teus ensinamentos já fizeram e reforçaram a luta pela liberdade e dignidade dos povos. Dijé presente!

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