Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que houve aumento de latrocínios e morte por policiais no Maranhão. Em relação aos latrocínios, nos últimos quatro anos o percentual cresceu 31,8%. No ano passado, 97 pessoas perderam a vida enquanto eram assaltadas.
Em relação a mortes violentas, o Fórum também revelou que houve uma redução de 6,8% nos últimos quatro anos, com 2.055 pessoas assassinadas em 2017. Os números deixaram o Maranhão com o 16º maior índice de violência no país.
No dia 29 de dezembro do ano passado, o funcionário do Ministério Público do Maranhão e professor de economia André Arouche Fontoura foi assassinado por Sávio Gomes Fonseca, segundo a polícia. Sávio teria tentado roubar a moto do professor.
“Enquanto tiver a justiça a gente está acreditando que existe socorro. É isso que acreditamos porque todos os fatos mostram a culpa do réu”, relatou o pai de André Arouche.
Mortes por ações policiais
Em 2017, segundo o Fórum de Segurança Pública, 110 pessoas foram mortas no Maranhão pela polícia. Nos últimos quatro anos, o crescimento foi de 79,4%, com 386 mortes.
Segundo o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rafael Silva, a polícia tem um papel específico na sociedade, sendo ainda preciso mais investigações em relação as mortes por agentes policiais.
“A polícia não é um instrumento para exterminar pessoas. A polícia tem o papel preventivo e repressivo, mas o papel repressivo precisa ser feito dentro da legalidade, como legítima defesa própria, legítima defesa de terceiros… É necessário que haja uma apuração mais consistente acerca da violência policial”, declarou Rafael Silva.
Um caso dentro da estatística ocorreu no dia 15 de dezembro de 2016, quando a estudante Karina Brito Ferreira, de 23 anos, foi morta durante uma operação da Polícia Militar em Balsas para prender uma quadrilha que tentou assaltar a agência do Banco do Brasil de Fortaleza dos Nogueiras.
Na ocasião, Karina e a sua irmã, Kamila Brito Ferreira, foram confundidas com assaltantes. Os policiais foram identificados, mas a família reclama que até hoje ninguém foi punido.
“Eu nem sei dizer a imensidão do sentimento por uma coisa que está impune até agora. Porque já vai fazer dois anos, sabem quem foram, quem cometeram, mas até agora não teve nenhuma audiência. Nada, nada, infelizmente”, relatou a professora Arlete Ferreira, parente de Karina.
Já em outubro de 2017, Ademar Moreira Gonçalves, de 37 anos, foi morto com um tiro nas costas enquanto dirigia na Avenida Litorânea, em São Luís. O policial civil que atirou disse em depoimento que achou que Ademar estava assaltando o seu carro.
Antônio Pires, amigo de Ademar, disse que ainda sente a dor da saudade do colega de trabalho no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em São Luís.
“Uma tragédia que deixou todos nós do IBAMA sentidos. Foi uma coisa que botou a gente para baixo. Uma coisa inacreditável que aconteceu, ainda mais da forma como foi feita. A forma covarde como a pessoa agiu e tirou a vida do Ademar”, contou Antônio.
A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) informou que as estatísticas de violência no estado vêm diminuindo nos últimos anos. Sobre o caso de Ademar Moreira, a secretaria disse que o inquérito policial já foi concluído e encaminhado ao poder judiciário e que o autor do crime encontra-se afastado.