Milton Campelo (Foto: Veruska Oliveira)
SÃO LUÍS – Desde fevereiro deste ano, usinas sucroalcooleiras do Maranhão estão autorizadas a vender etanol direto aos postos de combustíveis. A medida visa reduzir custos, dar maior transparência sobre a origem do produto, flexibilizar a escolha de diferentes fornecedores, estimular a produção local das agroindústrias, reduzir o tempo de abastecimento nos postos e gerar menor impacto ambiental. No entanto, todas essas vantagens dependem de investimentos para adequar os postos de combustíveis, já que a grande maioria não comercializa etanol.
Atualmente, o Maranhão produz cerca de 200 milhões de litros de etanol, com a expectativa de que ainda este ano a produção local aumente para 600 milhões de litros com o início das operações da Inpasa, em Balsas. As usinas locais são: Alternativa, em Tuntum; Itapecuru Bioenergia, em Aldeias Altas; Maity Bioenergia, em Campestre do Maranhão; e a Agro Serra, em São Raimundo da Mangabeiras.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Cana, Açúcar e Álcool do Maranhão e Pará (Sindicanálcool), Milton Campelo, disse que o Maranhão tem potencial para se tornar autossuficiente em etanol, com a produção superando o consumo local, quando a Inpasa começar a produzir. “O etanol é visto como uma alternativa sustentável que contribui para a descarbonização do ambiente, para a transição energética e para a redução da poluição”, listou Campelo.
Campelo enfatizou ainda a relevância de fortalecer a agroindústria no Maranhão como um pilar fundamental para o desenvolvimento econômico do estado, destacando que a industrialização não apenas diversifica a economia local, mas também gera empregos e melhora a qualidade de vida nas comunidades. “No entanto, para que esse potencial seja plenamente realizado, é imprescindível que haja investimentos significativos em infraestrutura, como rodovias e ferrovias, que facilitem o transporte de insumos e produtos, reduzindo custos logísticos e aumentando a competitividade das indústrias maranhenses.
Outro aspecto importante do incentivo essa cadeia produtiva é que a produção de etanol no Maranhão, juntamente com seus subprodutos, como o DDG (Dried Distillers Grains), representa uma oportunidade significativa para beneficiar tanto a pecuária quanto a agroindústria local. O DDG, um subproduto nutritivo resultante do processo de produção de etanol, pode ser utilizado como ração de alto valor para diversos tipos de animais, incluindo bovinos, suínos e aves, o que contribui para a melhoria da qualidade da carne e a eficiência na produção animal.
“Essa integração entre a produção de etanol e a pecuária não apenas diversifica as fontes de renda para os agricultores, mas também fortalece toda a cadeia produtiva, promovendo um sistema agroindustrial mais robusto e sustentável. Ao estimularmos essa sinergia, o Maranhão pode aumentar sua capacidade de produção de proteínas e, ao mesmo tempo, reduzir a dependência de insumos externos, consolidando-se como um polo agroindustrial no Nordeste”, antecipou.
DAS USINAS PARA OS POSTOS – A venda direta de etanol das usinas para os postos de combustíveis pode trazer muitos benefícios. Um deles é a redução de custos ao consumidor final que abastece seu veículo flex com o combustível, já que esse tipo de comercialização elimina os intermediários e o chamado ‘frete morto’, o que reduz custos logísticos e melhora a eficiência na distribuição do combustível.
Um dos principais argumentos do governo estadual para autorizar a venda em fevereiro, é que a venda direta de etanol hidratado contribuirá para reduzir a quilometragem percorrida por caminhões que transportam o biocombustível das usinas até os centros de distribuição e, muitas vezes, de volta aos postos de combustíveis. Além disso, tornará o combustível verde mais acessível e ajudará a reduzir a emissão de carbono no ambiente.
A expectativa do Sindicanálcool é que a partir de maio ou junho, os consumidores maranhenses começarão a perceber mudanças nos preços do etanol nos postos. Mas para isso acontecer, os postos de combustíveis vão precisar de adequar instalando bombas para receber o etanol. A maioria dos postos maranhenses não possui bombas de etanol hidratado. “Quem não fizer essas adequações, vai ficar para trás”, pontuou Campelo.
“Nós defendemos a indústria maranhense e ficamos felizes com a implantação da Inpasa em Balsas que vai aumentar significativamente a produção e da perspectiva do governo estadual de incentivar o consumo do álcool produzido no Maranhão!”, destacou o presidente da FIEMA, Edilson Baldez das Neves.
Fonte: Coordenadoria de Comunicação e Eventos/FIEMA