Duas pré-candidatas da Rede deixaram o partido e suas campanhas nesta semana sob alegação de que a direção estadual da legenda da presidenciável Marina Silva é machista e não apoia candidaturas de mulheres.
A agora ex-porta-voz da Rede em Campinas e ex-candidata a deputado estadual Maíra Massei publicou, na quinta (26), um texto nas redes sociais no qual afirma ser “uma vergonha” o fato de um partido que se propõe a fazer “uma nova política” demonstrar “este tipo de falta de escrúpulo, dentro da própria executiva”. O caso foi revelado ontem pelo jornal O Globo. A Rede nega as acusações.
Ex-candidata a deputado federal, Surya Guimarães, que era integrante da Executiva da Rede, disse lamentar a falta de apoio da Rede às candidaturas femininas. “Entendo o pragmatismo que tem que ter para termos uma chapa forte e conseguir fazer o coeficiente eleitoral, mas é muito difícil, porque acaba sufocando candidaturas melhores, muitas delas femininas”, afirmou Surya ao Estado. Tanto ela quanto Maíra faziam parte do grupo feminino da Rede, o Elo Mulheres.
Em maio, por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que as campanhas de mulheres devem receber pelo menos 30% do volume de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha – o fundo eleitoral -, estimado em R$ 1,7 bilhão. Os ministros também decidiram que a propaganda no rádio e na TV deve obedecer à proporção de candidatos homens e mulheres, reservando o mínimo de 30% do tempo para candidaturas femininas.
Maíra disse que em reuniões da Executiva estadual foi dito que a cota seria usada nas campanhas de Marina à Presidência e na de Heloísa Helena a deputado federal.
No último dia 13, a Rede publicou a resolução que enviou ao TSE sobre a distribuição dos recursos. O texto determina que 50% do fundo eleitoral do partido, orçado em R$ 10,6 milhões, será destinado à campanha de Marina e que a distribuição dos 30% ainda será definida pela Executiva nacional.
Compromisso. Em nota, o Elo Mulheres repudiou as acusações. “É notável que a Rede e o Elo Mulheres são compromissados com o aumento da participação das mulheres na política, não apenas em período eleitoral e usando-as para preencher a determinação legal, mas como ponto essencial para termos maior representatividade e qualidade na democracia.” O texto ainda diz que a cota de 30% não irá só para a campanha de Marina, mas será distribuída entre candidaturas ao Legislativo.