Luzia Almeida: Os Mandamentos do Ano Novo

O ano novo vem chegando de mansinho e trazendo com ele um mundo de possibilidades. Olhamos para 2024 já levantamos a mão para acenar um “tchauzinho” meigo e desconcertante. Sim, o termo desconcertante remete àquilo que deveríamos fazer e não fizemos e àquilo que fizemos e não deveríamos ter feito. O verbo fazer é implacável, ele toma conta da vida da gente e geralmente não nos concede tempo à reflexão. Fazer é verbo humano e fazemos ou deixamos de fazer. Vou considerar, principalmente, sobre aquilo que é inegociável.

Projetos na gaveta com possibilidades de voo: projeto de leitura (preciso reler “Cem anos de solidão” de Gabriel Garcia Marques), de publicação de um artigo, de publicação um livro, de uma graduação, de uma pós-graduação, de um curso técnico. O projeto de uma viagem à Europa ou a Alter do Chão… Os projetos ficaram esquecidos na gaveta da consciência e só agora, quando o ano vai findando, é que nos ocorre esse esquecimento que é quase uma dor. Por quê? Porque ganhamos uma agenda e ela dispõe novamente de doze meses de vida. Uma agenda é um convite para reflexão do que se fez e do que se fará no ano novo. É sempre assim!…

Não gosto de agendas, embora elas sejam instrumentos extremamente úteis… Não gosto dessa noção de doze meses. A vida é bem maior que isso e não vou me obrigar a uma disciplina de doze meses para ser feliz. A felicidade supera todos os meses e, quando finda o ano, verificamos que os projetos se renovaram e nosso peso (ou massa — como diria o professor Charles Massa) na balança está acima das nossas esperanças. É isso!… Ano novo e as velhas esperanças se assanham novamente e uma delas é a esperança de um peso compatível com a altura. E então, de repente, tudo se torna verde como a alface.

Uma dieta saudável para quem nasceu no Pará é complicado!… Mais ainda no final do ano: são tantas delícias. São tantos sabores e cheiros que somente um “super-homem” continuaria com a salada de alface. Não! Não sou lagarta! Quero comer as comidas da minha terra que tem cheiro de identidade. Mas, a Saúde olha-me bem nos olhos chamando-me à razão. É verdade! É verdade! É tempo de ter juízo… Vamos lá! A partir do dia 2 de janeiro, teremos no café da manhã… Primeiramente não é café: é descafeinado, torrada, aveia e maçã. Começar uma dieta saudável é fácil, o difícil é continuar com as saladas de alfaces, com a batata doce substituindo o arroz. Continuar com as carnes magras e grelhadas e os sucos naturais de lima, de laranja e de abacaxi. A nossa existência é também para quem nos ama e a saúde é um suporte da vida.

Outro suporte é a obediência a Deus segundo seus Mandamentos: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12. 30-31). Diferente dos projetos e das dietas, os Mandamentos do Senhor não são negociáveis e superam os doze meses. Eles estão para serem aceitos e observados porque são faróis, como disse o salmista: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos” (Salmo 119.105). É essa perspectiva que orienta o meu entendimento para os anos novos que se aproximam e há tanta felicidade nisso!…

Os Mandamentos do Senhor são dois e orientam toda a conduta daqueles que realmente querem um Ano Novo cheio de paz e de luz.

Luzia Almeida é mestra em comunicação, professora e escritora.

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