A candidata da Rede Sustentabilidade à Presidência da República, Marina Silva, afirmou nesta quinta-feira, 16, que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto representaria “passar por cima” da Lei da Ficha Limpa, que prevê que um condenado em segunda instância, assim como o petista, não pode ser candidato em eleições.
A declaração de Marina, que foi ministra do Meio Ambiente no primeiro mandato de Lula, foi dada após um evento em São Paulo, quando jornalistas a questionaram a respeito da decisão a ser tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o registro da candidatura dele.
A presidenciável defendeu celeridade na análise do registro do petista e afirmou que aqueles que concorrerão à Presidência devem ser “expostos” à opinião pública desde já.
“É bom para a sociedade que se tenha uma definição de quem serão de fato os candidatos, para que todos possam se expor ao crivo da sociedade. Porque senão vamos ter uma eleição em que uma parte vai estar se expondo e outra parte não estará, ainda que se saiba que não poderá prevalecer a ideia de que se passará por cima da lei, que diz que não se pode, uma vez condenado em segunda instância, ser candidato”, afirmou Marina, na saída da sabatina com presidenciáveis promovida pelo Mulheres do Brasil, organização suprapartidária presidida pela empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza.
Embora preso em Curitiba e enquadrado na Ficha Limpa, que ele mesmo sancionou, em 2010, o ex-presidente teve a candidatura registrada junto ao TSE nesta quarta-feira, 15, prazo limite da Justiça Eleitoral. O vice registrado pelo PT é o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, a quem o partido espera, diante do provável indeferimento do registro do titular, transferir os votos de Lula, líder das pesquisas de intenção de voto.
Em pouco mais de 24 horas, o registro de Lula já foi alvo de ao menos seis ações de impugnação. O presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e os candidatos a deputado federal Kim Kataguiri e Alexandre Frota estão entre os autores de pedidos contra Lula.
O ministro do TSE Luís Roberto Barroso havia sido sorteado como relator do registro do petista, ou seja, o responsável por decidir individualmente sobre o tema ou enviá-lo ao plenário da corte eleitoral. O PT chegou a questionar o sorteio, tentando redirecionar o pedido para o ministro Admar Gonzaga, relator das impugnações, mas não obteve sucesso. A presidente da Corte, Rosa Weber, optou por manter o caso com Barroso.