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por Flávia Bitencourt

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Virginia Woolf, feminismo e literatura no Clube de Novembro

“Um teto todo seu” é o livro-tema deste mês do Clube do Livro Maranhão

O Debate do Maranhão - 23/11/2018 12h55

Foto: Reprodução

Um teto todo seu (A Room of One’s Own, 1929) é um ensaio em que encontramos a famosa citação “Uma mulher deve ter dinheiro e um teto todo seu se ela quiser escrever ficção”. A obra de Virginia Woolf surpreende do começo ao fim. Em suas linhas, Woolf trabalha o feminismo com ousadia e de forma leve, com personagens que enfrentam a dura realidade de ter suas competências questionadas por serem do sexo feminino. Enquanto homens eram estimulados a desenvolver sua criatividade, às mulheres restava o papel de submissão. O trabalho nasceu a partir de duas palestras chamadas “As mulheres e a ficção”, que Virginia dedicou para a plateia essencialmente feminina da Sociedade das Artes, na Londres de outubro de 1928. No encontro deste mês, o Clube discute o que Virginia Woolf nos denuncia: a falta de liberdade das mulheres para trabalhar com a escrita e a redução do papel da mulher. O Clube de Novembro será no sábado (24), a partir das 15h, na Livraria Leitura do São Luís Shopping (Avenida Professor Carlos Cunha, 1000, Jaracati – São Luís/MA). A entrada é gratuita. Participe!

Sobre o livro

Baseado em palestras proferidas por Virginia Woolf nas faculdades de Newham e Girton em 1928, o ensaio Um teto todo seu é uma reflexão acerca das condições sociais da mulher e a sua influência na produção literária feminina. A escritora pontua em que medida a posição que a mulher ocupa na sociedade acarreta dificuldades para a expressão livre de seu pensamento, para que essa expressão seja transformada em uma escrita sem sujeição e, finalmente, para que essa escrita seja recebida com consideração, em vez da indiferença comumente reservada à escrita feminina na época. Imaginando, por exemplo, qual seria a trajetória da irmã de Shakespeare – caso o famoso escritor tivesse uma e ela fosse tão talentosa quanto o irmão –, Woolf descortina ao leitor um cenário em que as mulheres dispunham de menos recursos financeiros que os homens e reduzido prestígio intelectual. Com a linguagem original e a fluidez de pensamentos que lhe são características, Woolf aponta neste ensaio um padrão duplo presente na sociedade, segundo o qual os homens eram estimulados a aprimorar suas habilidades criativas enquanto às mulheres era reservado um papel de sujeição. Esta edição traz, além do ensaio, uma seleção de trechos dos diários de Virginia, uma cronologia da vida e da obra da autora e um posfácio escrito pela crítica literária e colaboradora da Folha de S. Paulo Noemi Jaffe.

Sobre a autora

Estreou na literatura em 1915 com um romance (The Voyage Out) e posteriormente teria realizado uma série de obras notáveis, as quais lhe valeriam o título de “a Proust inglesa”. Faleceu em 1941, tendo cometido suicídio. Virginia Woolf era filha do editor Leslie Stephen, o qual deu-lhe uma educação esmerada, de forma que a jovem teria frequentado desde cedo o mundo literário. Em 1912, casou-se com Leonard Woolf, com quem funda, em 1917, a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. Virginia Woolf apresentava crises depressivas. Em 1941, deixou um bilhete para seu marido, Leonard Woolf, e para a irmã, Vanessa. Neste bilhete, ela se despede das pessoas que mais amara na vida, e se mata de forma triunfante.

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